O cérebro foi desenhado pelas forças evolutivas para extrair sentido do mundo que nos rodeia. Ele esta permanentemente procurando padrões, modelos, estruturas, tentando encontrar ordem e lógica em tudo que nos cerca. JM
A essência do ser humano é uma desconfortável dualidade entre a tecnologia racional e a crença irracional. Ainda somos uma espécie em transição.
( David Lewis - The Mind in the cave – A mente nas Cavernas)
SOU ATEU e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos.
A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres.
Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.
Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais. Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos a interferências mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido.
Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar.
Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão devem pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias.
Que sentido tem para um protestante a reverência que o hindu faz diante da estátua de uma vaca dourada? Ou a oração do muçulmano voltado para Meca? Ou o espírita que afirma ser a reencarnação de Alexandre, o Grande? Para hindus, muçulmanos e espíritas esse cristão não seria ateu?
Na realidade, a religião do próximo não passa de um amontoado de falsidades e superstições. Não é o que pensa o evangélico na encruzilhada quando vê as velas e o galo preto? Ou o judeu quando encontra um católico ajoelhado aos pés da virgem imaculada que teria dado à luz ao filho do Senhor? Ou o politeísta ao ouvir que não há milhares, mas um único Deus?
Quantas tragédias foram desencadeadas pela intolerância dos que não admitem princípios religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de hereges ou infiéis perderam a vida?
O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções. Não é outra a razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades humanas e atribuir as demais às tentações do Diabo. Generosidade, solidariedade, compaixão e amor ao próximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome Dele sejam cometidas as piores atrocidades.
Os pastores milagreiros da TV que tomam dinheiro dos pobres são tolerados porque o fazem em nome de Cristo. O menino que explode com a bomba no supermercado desperta admiração entre seus pares porque obedeceria aos desígnios do Profeta. Fossem ateus, seriam considerados mensageiros de Satanás.
Ajudamos um estranho caído na rua, damos gorjetas em restaurantes aos quais nunca voltaremos e fazemos doações para crianças desconhecidas, não para agradar a Deus, mas porque cooperação mútua e altruísmo recíproco fazem parte do repertório comportamental não apenas do homem, mas de gorilas, hienas, leoas, formigas e muitos outros, como demonstraram os etologistas.
O fervor religioso é uma arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso. Em vez de unir, ele divide a sociedade -quando não semeia o ódio que leva às perseguições e aos massacres.
Para o crente, os ateus são desprezíveis, desprovidos de princípios morais, materialistas, incapazes de um gesto de compaixão, preconceito que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo.
Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta.
Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.
(Entrevista numa TV Americana) (Essa entrevista foi gravada por um amigo, que mora nos Estados Unidos, que gentilmente traduziu e me enviou).
Um famoso apresentador de programa de TV aqui dos Estados Unidos resolveu fazer uma pesquisa para descobrir quem era o homem mais feliz do mundo. Após seis meses, sua equipe o encontrou em uma cidade do interior do Brasil. No dia em que o brasileiro foi entrevistado, o programa bateu recordes de audiência e muitos foram os telefonemas e e-mails para o programa, muitos querendo imitá-lo, e outros condenando ou criticando seu estilo de vida.
O entrevistador começou: - Fale um pouco de você, e nos conte seu segredo de Felicidade. - Meu nome é Félix. Tenho 35 anos. Solteiro. Mas nem sempre fui feliz. Até meus vinte anos, eu sofria de ansiedade, me entupia de remédios e tinha muitos medos. Tinha medos comuns à maioria. De modo que comecei a ler e a pesquisar para me conhecer e conhecer melhor o mundo em que vivia. E descobri as principais razões de minha infelicidade. - E quais eram? - Em primeiro lugar, a influência religiosa. - Como assim, Deus não fazia bem a você? - Não o deus das religiões, que é uma invenção humana.
Tornei-me agnóstico, ao refletir o mundo, e ao compreender que as religiões são formadas a partir de mitos, por sacerdotes que tentam submeter o povo para conseguir vantagens próprias, passei a duvidar que exista Deus. Mas caso ele existir, e aparece e disser pessoalmente que ele existe, aí sim passarei a crer nele. Enquanto outros vierem me dizer o que é deus e o que ele quer de mim, continuarei duvidando. - Mas ele já apareceu aos profetas. - Você acredita nisso? - Está escrito.
- Os livros sagrados são um grande engodo. Cada religião tem seu livro sagrado, e em cada um deus é diferente. Isso prova que o deus das religiões foi criado conforme o gosto de quem o descobria, com a mesma inteligência, preconceitos, idéias do povo que o revelava.
Com os mesmos defeitos e crenças do homem da época. O deus da Bíblia gostava de sentir o cheiro de animais sendo sacrificados em sua honra, mandava construir templos para ele ser adorado, guiava soldados para destruir países vizinhos dos hebreus, e mandava matar homens, mulheres e crianças, e permitia deixar vivas as virgens que seriam levadas pelos soldados de Moisés.
O deus islâmico permite várias mulheres para os homens (se o Corão fosse escrito por mulheres eram elas que teriam direito a muitos homens), manda açoitar a mulher que não anda sem o véu. Premia com 72 virgens os suicidas que morrem pela causa islâmica.
O deus hindu separa as pessoas por casta. Os dalits ou os intocáveis são repudiados pela sociedade. O deus hindu habita uma vaca e outros animais. Isso é uma pequena amostra de onde vai a imaginação humana para criar deuses. Francamente, alguém lúcido e com pouco de bom senso apostaria que um deus bom, sábio e amoroso mandou escrever alguns desses livros? - Mas há coisas valiosas na Bíblia. Você nunca leu o Sermão da Montanha, os salmos? - Mas não prova que tenha a mão divina.
Claro que há bons ensinamentos em todos os livros que se dizem sagrados. Estas exceções são resultado do bom senso de uns poucos. Quando o mandamento diz não matarás, as pessoas acreditam que foi deus quem mandou escrever essa lei. Mas antes da Bíblia, muitas culturas já coibiam o assassinato porque não é bom para o convívio humano.
Você entende, o bom senso bastava para se saber o que era útil ou não para se viver em comunidade. Na minha opinião, grande parte do mundo tem necessidade de crer em um deus, um pai invisível que olha por eles. Freud já explicou isso. É a necessidade infantil de proteção do pai. Aqueles que saem do estado infantil, e são raros, deixam de acreditar no deus das religiões, naquele deus que dá leis, que se preocupa com quem você vai para a cama, que vai punir alguns no fogo do inferno e passam a ter uma visão mais holística de deus, diferente do deus das religiões; ou então, passam a acreditar num deus como Espinoza e Einstein imaginaram.
Ou ainda, tornam-se ateus, ou agnósticos. - OK, você disse que uma das causas da sua infelicidade era a religião. Poderia dizer as outras? - A segunda causa era a questão da sexualidade. Muitos povos antigos exerciam a sexualidade livremente, quase sem restrições. Com o advento do cristianismo, o sexo passou a ser pecado e tolerado apenas entre casais para fins de procriação.
O PhD. em psicologia Nathaniel Branden disse: "Qualquer um que se engaja na prática de psicoterapia se confronta todo dia com a devastação forjada pelos ensinamentos da religião." De modo que não tenho dúvida que as pessoas seriam mais felizes se pudessem exercer sua sexualidade plenamente. - Mas você não acha que haveria abusos? - Claro que há certos limites. Por exemplo, sexo com crianças. Ninguém com bom senso aprova isso. Nem precisamos comentar. Mas em outros casos, as proibições são de cunho religioso, são antinaturais. - Por exemplo? - O tabu do incesto. - Você aprova sexo em família? - Eu não julgo ninguém. Não faria com minhas irmãs (tenho três, uma casada e duas solteiras) porque elas não me atraem, apesar de serem lindas.
Mas no Egito antigo e em outras culturas era comum uniões entre pai e filha, mãe e filho, irmão com irmã. Tinha primeiro o objetivo de preservar o patrimônio. Pais preferiam ver a filha casada com o irmão do que com um estrangeiro que não confiava. Akenaton, faraó da 18ª dinastia, casou com sua irmã Nefertiti, e veio a amá-la também como mulher e tiveram umas seis filhas. Em minha opinião, e de muitos outros, o sexo só deveria ser proibido em casos de pedofilia, estupro, atentado ao pudor e zoofilia.
Ou sempre que um tenta obter prazer próprio, sem se importar com o desejo do outro, se o outro também o deseja. - Ou seja, em casos de parafilia. - Nem todos. O sexo virtual é uma parafilia, no entanto, milhões a praticam. Os que gostam, façam bem feito, porque se tiver mulher ou marido, a coisa pega. - E o homossexualismo?
- A expressão correta é homossexualidade. "Homossexualismo" indica doença, algo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) já não concorda desde 1993. De modo que concordo com o relacionamento homossexual, apesar de nunca ter tido curiosidade em fazê-lo. Mas acho um dos piores castigos é a proibição à união homossexual. As pessoas homossexuais sofrem muito por não terem o direito de se expressar amorosamente como um casal heterossexual. E, novamente, temos a religião e a Bíblia por trás disso. Você deve saber que na Antiga Grécia, em certo período a homossexualidade era bem aceita e até incentivada. Ainda na Grécia, adolescentes acima dos doze anos tinham um tutor, que lhes ensinavam além da Matemática, poesia, canto, as artes do amor.
- Sei, já li sobre isso. Mas hoje não cabe mais, é um absurdo. - Mas é questão cultural. Quem sabe daqui a vinte anos, seja "normal" mulheres casadas irem com as amigas a boates de "garotos de programa", como o fazem seus maridos. Ora, se os homens fazem isso, porque elas não podem? Porque desde a Antiguidade, a maioria dos povos ensinou que a mulher é propriedade do homem (tem lá no décimo mandamento). Ela só teve certa liberdade entre os egípcios, mas por curto período. Voltando ao assunto homossexualidade, você sabe quantos homossexuais são mortos no Brasil?
- Não. - A cada dois dias, um homossexual é morto no país. E por quê?. Porque a relação entre iguais era considerada pecado pelo deus da Bíblia. Em Êxodo, diz que se um homem deitar com outro, como se fosse mulher, ambos serão mortos. Por causa desse trecho, a Santa Inquisição enforcou e queimou muitos homossexuais, bem como todos aqueles que não pensavam como o Vaticano. Os fatores que levam alguém a ser homossexual não são apenas o ambiente, mas a genética principalmente. A maioria já dá sinais de ter preferência homo a partir dos 6 ou 7 anos. Como punir alguém que ama outro do mesmo sexo, se já nasceu com essa tendência?
Abramos a cabeça e respeitemos a sexualidade de cada um. - Muito bem, concordo com você. Tenho outra pergunta, você concorda com o adultério? - Não. A não ser que seja consentido. As pessoas que praticam suingue não consideram adultério o parceiro transar com outro, pois tem permissão. Agora, não perdoaria minha parceira sair com outro sem eu saber. - Alguma namorada sua já transou com outro com seu consentimento?
Pausa... - Já tive vários tipos de relacionamentos. Os primeiros eram tradicionais. Notava que elas se tornavam profundamente possessivas após o primeiro mês de namoro. Eu sou uma pessoa que amo a liberdade, de poder chegar em casa a hora que quiser. - Mas quando se está num relacionamento sério, visando um casamento, deve-se pensar que liberdade tem limites, como tudo na vida. - Eu sei, a questão é a seguinte: estou disposto a ceder minha liberdade? Quanto? Tem mulheres que simplesmente cercam o homem e ele fica proibido de jogar futebol e tomar cerveja com os amigos.
- Bom, uma dessas eu não queria. - Mas já conheci uma assim, e tratei logo de cair fora. Bom, então procurei relacionamentos diferentes. Busquei um relacionamento aberto. - Sim, já ouvi falar. E foi bom? - Muito bom. Estou com ela até hoje, nos casamos.
Ela é empresária, como eu, e não nos colocamos regras, exceto a de respeitar um e outro. - Se ela quiser ela pode transar com outro homem? - Para isso existem os profissionais. Se ela quiser, ela contrata algum profissional. Eu faço isso também, nada melhor para sair da rotina, do que frequentar uma garota profissional uma ou duas vezes por mês. Podemos falar com ela, coisas que não teríamos coragem de falar para a própria mulher. Uma garota de programa pode em muitos casos substituir um terapeuta, elas são ótimas para ouvir, e muitas vezes nem chegamos a transar, basta ela ficar me ouvindo.
Com uma profissional só está em jogo sexo e amizade. Mas não transamos com pessoas do trabalho, ou que conhecemos. Nem com desconhecidos. Sexo acompanhado de amor só com minha esposa.Vou lhe dizer algo muito importante e sei que a maioria não vai concordar comigo, mas devo dizer... - Você está aqui para isso. - Obrigado. Para mim, a monogamia é uma das piores coisas que inventaram para o ser humano. É uma das grandes causas de separação. A monogamia é cruel, uma triste imposição que só serve para deixar os maridos mais atiçados e as mulheres enlouquecidas tentando saber onde estão seus parceiros.
O casamento do jeito que conhecemos é uma prisão, pois tolhe a liberdade de ir e vir. Geralmente, quando se casa, ambos se sentem donos um do outro. As pessoas se casam por vários motivos, entre eles, para se sentirem seguras, amadas, e livres do domínio dos pais. Mas o próprio casamento destrói o amor, passado aqueles meses de paixão. E isso acontece porque o gostoso da época do namoro se perde com a exigência de exclusividade do matrimônio. Na verdade, poucos sobrevivem à obrigação de ter que dormir e acordar todo dia com a mesma pessoa, por vários anos.
Nesse formato fechado de relacionamento, o sexo com o tempo se desgasta, e infelizmente por causa disso, muitos casamentos acabam. Segundo as pesquisas, de cada cem casamentos no Brasil, a metade acaba em separação. O problema não é só financeiro, ou incompatibilidade de gênios. A exigência monogâmica, mesmo que não se divulgue, também destrói um casamento. Com essa exigência, muitos maridos (e esposas também), ao passo de alguns anos, começam a procurar outros relacionamentos fora do lar, seja fisicamente ou virtualmente, e, com a descoberta, os casamentos se desfazem. Não digo que todos devem procurar um casamento aberto.
Ao contrário, a maioria das pessoas não devia tentar essa relação porque são ciumentas, e não admitem o parceiro(a) com outro(a) – isso se deve à herança do ciúme do nosso ancestral. Para ter certeza que a prole era dele, o macho não permitia a companheira namorando outros do bando. Portanto, a maioria não seria feliz num relacionamento aberto. Por causa do ciúme, que a meu ver é uma praga. - Você não tem ciúme de sua esposa?
- Tenho leve, saudável. Não esse ciúme doentio que acomete a maioria. O ciúme leve, controlado é até gostoso e apimenta o relacionamento. - Mas não a deixaria ir para a cama com outro? - Não. Como já falei, para isso tem os profissionais. Nem eu aceitaria ir para a cama se uma mulher linda me convidasse. Simplesmente não me sentiria bem. - Bem, então você acha que a solução para o relacionamento homem/mulher é o casamento aberto?
- Não para todos. Só para aqueles que têm suas taxas de ciúme bem reduzidas e compreendem que ninguém é realizado totalmente no sexo, nem se é feliz transando a vida toda com uma só pessoa. Sei que isso choca os mais sentimentais e os que sofreram forte educação religiosa, mas infelizmente o bicho homem não nasceu para a monogamia.
Até no reino animal, são raros os bichos monogâmicos. Cedo ou tarde, a maioria dos homens vai procurar alguém fora, sem a mulher saber. E isso é terrível. Sei que muitos vão achar o relacionamento aberto pervertido. Mas eu acho muito mais asqueroso um casamento tradicional, em que um ou os dois traem, sem o outro saber. Pelo menos na união aberta, se um sente desejo de dividir a cama com outra pessoa, faz com o consentimento do parceiro. Penso ser muito mais honesto.
Ora, para quê ficar reprimindo o tezão por outra pessoa? Se há oportunidade, e o parceiro concorda, que vá e faça. - Já ouvi gente dizer após 50 anos de casamento que nunca precisou de outra, além da esposa. - São exceções. Talvez falem isso para parecerem santos e terem os aplausos da sociedade. É isso que ela espera de todos. Todos presos na monogamia. Mas a realidade é outra. Se um sujeito desse tivesse oportunidade de transar com outra, e tivesse permissão da própria esposa, ele não recusaria. O fato de não ter ido para cama com outra tem outros motivos.
Um bom psicólogo saberia quais. - Bem, então ninguém será feliz no casamento monogâmico, é isso? - Poucos. Aqueles que por sua natureza, não têm tanta necessidade de sexo, ou se têm, não sintam necessidade de trocar de parceiras. São pessoas que conseguem sublimar com mais facilidade seus desejos internos. - Então, para você, é muito difícil se manter fiel? - Sabe quantos homens traem suas parceiras?
- Não. - Segundo uma pesquisa que vem sendo feita desde 1989, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 60% dos homens já traíram contra 47% das mulheres. Isso mostra que o formato de casamento tradicional tem algum problema, pois não está fazendo os casais felizes. Esse formato só interessa ao Governo e à Igreja. Se falar isso para a maioria das mulheres, elas acharão um absurdo, o mesmo acontece com os homens. Mas creio que certos tipos de pessoas, digamos mais mente aberta, com nível cultural melhor, novamente volto a falar, com menos taxa de ciúme nos genes, mais seguros e com menos sentimento de posse e exclusividade, não terão problemas em lidar com o relacionamento aberto. - Meu caro Félix, teria mais algum fator de infelicidade? - Sim, e talvez o mais polêmico de todos.
A questão filhos. Se não for bem planejado, um filho representará a infelicidade do casal, e logo, a separação. Quando vemos aquela famosa personagem de TV, a Super Nany, compreendemos como os filhos tornam a vida de certos pais insuportável. Definitivamente, filho não é para qualquer um. Sei que para a maioria é inadmissível casar e não ter pelo menos um filho. Filho representa o complemento do casal, diz a maioria. Muitos acreditam que só serão felizes algum dia quando tiverem um filho. - Você pensa em ter filhos algum dia? - Não. E nem minha parceira. E vou explicar. Não temos vocação para filhos. A princípio, vão nos acusar de egoísmo.
Que não queremos dar nosso amor para uma criança. Espero que depois da minha fala, reconsiderem essa acusação. Há três tipos de pais. - Quais? - O primeiro tipo é aquele que não tem vocação para ser pai ou mãe. Não será bom pai ou mãe, não será feliz e não saberá cuidar da prole. Se descobrir antes de ter filho, melhor. Hoje, muitos casais optam por não ter filho. São pessoas que adoram viajar, estar em festas, fazendo cursos, progredindo na carreira, se divertindo. Eles sabem que filhos exigem cuidados e gastos e exigem demais da energia de um casal. A vida para quem tem filhos é controlada e tudo gira em função deles. Sobra pouco tempo para os pais. Para muitos, a vida sexual piora e as brigas ficam mais rotineiras. Podem nos acusar de não gostarmos de criança. Isso é um erro. Muitos sem vocação para pais até gostam de crianças; eu por exemplo, adoro meus sobrinhos e filhos de amigos.
Mas não a ponto de ter filhos. O segundo tipo é aquele que tem vocação para filho. Será bom pai ou mãe, será muito feliz com os filhos e saberá cuidar deles. É do tipo caseiro, e não lhe faz nenhuma falta as diversões e o contato com amigos. E, quando sair, sempre levará os filhos juntos. Domingo levanta cedo para ir ao parquinho com eles.
Gosta tanto de criança que apesar de já ter três ou quatro em casa, ainda cuidará feliz da vida de mais dois ou três sobrinhos no fim de semana. Vai amar assistir pela décima quinta vez o vídeo da Sereia. E não se estressará em ter que levantar várias vezes por noite para dar mamadeira para o bebê, nem de ter que levantar de madrugada para levar a criança ao Pronto Socorro e ficar horas na fila. Não conheço pesquisa, mas esses pais com vocação e que estão totalmente satisfeitos com a prole são raros.
O terceiro tipo idealiza a prole e pensa que será mais feliz quando os filhos chegarem. Solteiro, é do tipo que pega no colo os sobrinhos, os filhos do vizinho e diz que não vê a hora de ter os seus próprios filhos. Ele se ilude achando que vida com filhos termina quando eles dormem. Não sabem que é na madrugada que rompem os problemas, o choro, as cólicas, as idas ao Pronto Socorro. De modo que no fundo, também não tem vocação, igual ao primeiro tipo. Então, para se ver livre da responsabilidade, começará aos poucos deixando os filhos com a sogra, a vizinha ou pagando uma babá, porque já não aguenta ficar em casa. Em rodas de amigos, e entre familiares, falam bem alto que amam os filhos, mas em casa, o que mais querem é vê-los logo no quarto dormindo, para terem sossego. - Uau, você está pegando pesado.
- Estou falando a verdade. Acho que muitos vão me dar razão. - Interessante tua tese. Então para você, filhos nem pensar. - Não. Descobri que não tenho vocação e felizmente encontrei alguém que pensa como eu. E sobre nos acusarem de egoísmo, que só pensamos em nós, penso diferente. - Mas a maioria vai pensar que vocês são egoístas.
Ter filho também não deixa de ser um ato de egoísmo. Por que as pessoas fazem filhos? Tirando o descuido de não ter usado camisinha, quais são os motivos que levam alguém a ter filho? - Bom, são vários. Um casamento só tem significado com filho.
Outro motivo é que um filho completa o casal. Pode não ser para você, mas para muita gente não há nada no mundo mais encantador que um sorriso de um filho, as primeiras palavras sendo pronunciadas, os primeiros passinhos. - Também acho comoventes essas coisas que você mencionou. Porém também são motivos egoístas. As pessoas não se dão conta, mas fazem filhos por egoísmo, pensando nelas primeiro.
Quer ver? Um filho representa aquela esperança de tornar a vida melhor, com mais sentido. Motivo egóico. Busca-se uma vantagem pessoal. Muitos fazem filho pensando na ajuda do Governo que dará uma quantia por cada filho, outros fazem muitos filhos para que sua velhice seja amparada por eles. Outros fazem filho para segurar o parceiro. Muitas mulheres fazem filho para não se sentirem em desvantagem em relação às outras que já tem. Os pais não pensam em todo sofrimento que passará o filho pela vida. Ou alguém acha que a criança encontrará fora do útero o paraíso? Já nasce chorando, com dor. Nos primeiros meses sofrerá com cólicas. Depois dor de dente e de ouvido. Ao longo da vida, enfrentará doenças (raros que são saudáveis), desilusões amorosas, brigas com amigos, frustrações de toda ordem, em casa, na escola, no trabalho. Na velhice, artrite, e outras doenças da idade. É isso que reservamos a um filho. Já que é inevitável para a maioria desejar um filho, que reflita bem se vai poder dar carinho e toda atenção do mundo, para depois não largá-lo por aí. - Mas você está sendo muito pessimista, e o lado bom?
- Tem o lado bom, mas sejamos realistas. Entre ganhos e perdas, o que prevalece? Eu costumo indagar casais que tem 3 ou 4 filhos, e muitos teriam apenas um se voltassem no tempo. Embora amem a todos os filhos, reconhecem que teriam mais tempo para coisas de seus interesses e seriam mais felizes, menos estressados, com um filho apenas.
Além do que é mais fácil dar educação e uma vida melhor a um filho do que há cinco ou meia dúzia. - Bem, depois de tudo isso, qual o segredo da sua felicidade? Por que você foi eleito o "homem mais feliz do mundo"? - Não há um segredo para a felicidade, mas há atitudes que podem fazer alguém um pouco mais feliz. Primeiro. Fazer aquilo que se gosta, sem se preocupar em agradar os outros. Saber dizer "não" é importante.
Se alguém é só seu amigo porque você vive fazendo tudo que ele lhe pede, experimente às vezes dizer "Não". Porque você não é obrigado se doar todo tempo para agradar os outros. Se ele virar a cara, é porque não merece ser seu amigo, era um interesseiro. Em segundo lugar, procurar ser bom, mas não por obrigação, isso deve vir de dentro. Deve-se amar fazer o bem. Quem tenta ser altruísta apenas para parecer bem perante o público, logo é desmascarado. Não se sentirá feliz. Fazer o bem requer um coração puro, sem maldade, que não guarda ódio nem rancor. Em terceiro lugar.
Ter sonhos. Ter objetivos. Quem não sonha está morto. Lutar por uma carreira, por um livro, por ver os filhos crescerem felizes, por aprender mais um idioma, aprender a tocar um instrumento, por ter sua própria empresa, por criar uma ONG que ajudará a dar um lar às crianças abandonadas, enfim, há muita coisa que precisa ser feita.
Cada um que ache seu caminho. E como diz um provérbio oriental, "não importa a chegada, mas a caminhada." Há outras dicas, mas a maioria já sabe: evitar pessoas críticas, mau-humoradas, procurar comer bem, e praticar exercícios, saber rir dos próprios erros, mas tentar não repeti-los, não levar a vida tão a sério, aprender piadas e contar sempre que possível e rir com elas, mesmo que não tenha graça para os outros, rir desobstrui as artérias, libera serotonina. Saber deixar o campo quando não há mais solução. Tem gente que insiste em um relacionamento que já naufragou há tempo, e ainda sim fica tirando água com o balde. Acredite, o mundo não acaba num relacionamento fracassado. O próximo será bem melhor, se você acreditar. E, embora eu não seja religioso, converse de vez em quando com seu Deus. Ou seu "eu" interior se você preferir. Medite, e clareie a mente.
Repita mantras do tipo: "Hoje estarei calmo e sorridente o dia todo e nada ou ninguém me perturbará." Em vez de explodir com injustiças contra você, respire fundo e aja e fale racionalmente. Lembre que muitos dos seus problemas foram devido a ações impensadas. Acredite, não vale a pena perder a paciência. O primeiro e grande prejudicado será você. Tenha amigos, se você não puder pagar um psicólogo, a quem desabafar. Isso alivia e você se surpreenderá com os resultados. - Muito bem, Félix, foi um prazer entrevistá-lo. Meu muito obrigado. - Obrigado e tenho a impressão que hoje fizemos muitas pessoas refletirem. Não precisam concordar comigo, encontrem suas verdades e sejam também felizes.
Uma moça escreveu um e-mail para uma revista financeira pedindo dicas sobre "como arrumar um marido rico".Contudo, mais inacreditável que o "pedido" da moça, foi a disposição de um rapaz que, muito inspirado, respondeu à mensagem, de forma muito bem fundamentada. Sensacional!! Leiam... Mensagem/email da MOÇA:Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe.Estou querendo me casar com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano.Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste site?Ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas?Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não vão me fazer morar em Central Park West.Conheço uma mulher (da minha aula de ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente.Então, o que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correta? Como eu chego ao nível dela?" (Rafaela S.) Mensagem/resposta do RAPAZ:Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação.Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou tomando o seu tempo a toa...Isto posto, considero os fatos da seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que você procura), o que você oferece é simplesmente um péssimo negócio.Eis o porquê: deixando as firulas de lado, o que você sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas : Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro.Mas tem um problema.Com toda certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará aumentando.Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eu sou um ativo rendendo dividendos.E você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, ou seja, sempre aumenta!Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano.E no futuro, quando você se comparar com uma foto de hoje, verá que virou um caco.Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada.Usando o linguajar de Wall Street , quem a tiver hoje deve mantê-la como 'trading position' (posição para comercializar) e não como 'buy and hold' (compre e retenha), que é para o quê você se oferece...Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold') com você não é um bom negócio a médio/longo prazo!Mas alugá-la, sim!Assim, em termos sociais, um negócio razoável a se cogitar é namorar.Cogitar...Mas, já cogitando, e para certificar-me do quão 'articulada, com classe e maravilhosamente linda' seja você, eu, na condição de provável futuro locatário dessa 'máquina', quero tão somente o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio...podemos marcar?"